UM CIDADÃO QUE NOS HONRA E ENCHE DE ORGULHO A NOSSA CIDADE: UM VERDADEIRO ARTESÃO QUE FAZ DO BARRO LINDAS OBRAS DE ARTE
(Klinger Nunes, Oleiro e Artesão, com a mão na massa literalmente/Foto: Joaquim Filho) O BLOG FOI À SUA PROCURA E O ENCONTROU... |
Hoje, quarta-feira, dia 13
de dezembro de 2017, tempo nublado, saímos de casa para fazermos justamente aquilo
que gostamos e que tem sido a linha do blog do Joaquim Filho, um espaço virtual, o qual administramos e colaboramos com matérias jornalísticas em diversos
aspectos que possam ser interessantes aos nossos leitores, como mostrar pessoas
simples e anônimas da nossa cidade, valorizar o seu trabalho, resgatar valores
éticos e humanos, proporcionar espaço para que elas possam ter voz e vez, e,
dessa forma, com justiça, ter a liberdade e igualdade para ser inserida na
sociedade como um cidadão que contribui para o desenvolvimento social, cultural
e econômico da nossa região.
(Rua Soraia, Trizidela do Vale-MA/Foto: Joaquim Filho) |
E, lá fomos nós... Saímos
em busca do endereço e a procura de um senhor que já tínhamos ouvido falar dele
nas redes sociais, mas que até o momento ainda não conhecíamos pessoalmente. Rua Soraia, nº
15, bairro Nova Jerusalém, município de Trizidela do Vale, estado do Maranhão.
(Foto: Joaquim Filho) |
Depois de muita procura, finalmente, no final da referida rua, encontramos a pessoa a qual estávamos à procura.
Quando chegamos, o senhor que procurávamos estava na porta de sua casa conversando
com um cidadão. Paramos. Demos bom dia. Identificamo-nos, falamos da razão pela
qual estávamos à sua procura e, só então, ele, muito gentil, colocou uma
cadeira e pediu-nos para que sentássemos. Assim fizemos!
(Local onde Klinger pega o barro para fazer suas peças. Tem autorização do dono da terra/Foto: Joaquim Filho)
Toda visita de um estranho
é sempre cheia de medo e desconfiança. Conosco não foi diferente. Começamos a
conversar, ele foi se soltando e, aos poucos, foi nos repassando as informações
para que pudéssemos escrever algo sobre a sua pessoa.
UM
ARTISTA POR EXCELÊNCIA NA ARTE DA CRIAÇÃO
(Klinger em seu local de trabalho. É desse lugar que saem peças lindas/Foto: Joaquim Filho) |
Um homem simples. Na personalidade, a marca da timidez. Trajes simples: calção, descalço e uma camisa de malha na cor amarela com o nome Brasil. Embora seja
um trabalhador, que muito já ralou na vida, mas bem conservado fisicamente para a sua idade. Seu nome é
José Klinger de Andrade Filho, nasceu no dia 21 de maio de 1956, casado com a
senhora Josenira Nunes de Andrade, com quem tem uma filha por nome Kleide Nunes
de Andrade, como já dissemos, mora no final da Rua Soraia, nº 15, no bairro
Nova Jerusalém, em Trizidela do Vale-MA, um lugar que precisa ser olhado com mais atenção e carinho pelo poder público municipal.
Tem 61 anos de idade, é natural da cidade de Poção de Pedras-MA, mas segundo ele, desde os 2 (dois) anos de idade, que começou a vir para Pedreiras com a sua mãe, cidade onde tinha parentes e vinham para visitá-los.
Tem 61 anos de idade, é natural da cidade de Poção de Pedras-MA, mas segundo ele, desde os 2 (dois) anos de idade, que começou a vir para Pedreiras com a sua mãe, cidade onde tinha parentes e vinham para visitá-los.
(Foto: Jailson Maia)
Seus pais José Klinger de
Andrade Medeiros e Maria Rodrigues da Silva. Não teve o prazer de conhecer o
pai, que abandonou sua mãe quando Klinger Filho tinha apenas 2 (dois) anos de
idade. Disse que com essa idade, muito novo quando foi abandonado, não tem nenhuma lembrança
do pai, que foi embora para a cidade de Massapê, no estado do Ceará e nunca
mais voltou e nem deu notícias. É como se nunca tivesse visto o pai.
(Foto: Joaquim Filho) |
A sua vinda definitiva
para morar em Pedreiras foi quando Klinger tinha 9 (nove) anos, sua mãe
resolveu comprar um terreno no povoado Transwal, município de Pedreiras-MA, e
foi justamente nessa época que ele se interessou pela profissão de oleiro,
profissão esta que há 52 anos vem exercendo com amor e dignidade.
(Foto: Joaquim Filho)
“Joaquim
Filho, quando eu cheguei no povoado Transwal, no ano de 1965, lá existia várias
fábricas dessas peças artesanais que hoje faço. Só que eram chamadas de olarias.
Naquela época todo tipo de trabalho feito de barro e argila saia daquele
povoado, era pote, filtro, jarro e outras criações que a gente fazia naquele
período. Eu comecei lá com 9 anos. Quando eu cheguei no povoado ainda menino,
que vi aqueles homens trabalhando com barro, eu fiquei encantado, e disse para
minha mãe que queria aprender a profissão de oleiro. Ela aceitou. Eu fui, gostei,
aprendi a profissão e nunca larguei. Só vou largar quando eu morrer. Eu não
tenho muita coisa, não, mas o pouco que consegui na vida foi com a mão no
barro, criando peças para embelezar as casas e a vida das pessoas. Em cada peça
que eu faço, está um pouco de mim, a minha alma, isso é tudo. Nunca pensei que
um dia uma pessoa bateria na minha porta para me dar dignidade. Você é um anjo,
Deus mandou você aqui.”
“(...) FOI FREI RAIMUNDO VALE
QUE ME AJUDOU E MUITO ME INCENTIVOU A SER UM AUTÔNOMO (...)”
Mesmo depois que aprendeu
a profissão, Klinger ainda passou muitos anos trabalhando como empregado, ele
não tinha estrutura para abrir o seu próprio negócio. Naquela época, as coisas
eram muito difíceis. Mas um anjo cruzou o seu caminho. Uma pessoa iria
interferir na vida profissional de Klinger que iria lhe marcar para sempre. Foi
o saudoso Frei Raimundo Vale, religioso Italiano que fundou a Igreja de Santo
Antônio de Pádua, naquela época, bairro Tresidela (hoje cidade de Trizidela
do Vale).
“Frei
Raimundo chegou um dia para mim e me aconselhou a trabalhar por conta própria e
me disse o que ia fazer algo bom para me ajudar. Você vai fazer filtros e pote, a igreja
vai comprar para doar às famílias carentes da baixada e outros bairros que
tiverem famílias necessitadas. Pode começar a produzir as peças e deixa comigo.
E, assim, Joaquim Filho, eu fiz. Comecei fabricar os filtros e o Frei Raimundo
comprando, pagando certinho e distribuindo para os pobres do bairro Tresidela e, ainda chegou até a doar para outras cidades. Esse gesto de Frei Raimundo eu
nunca vou esquecer. Naquela época esse nosso trabalho era mais valorizado.
Mesmo tendo bastante oleiro, a gente não dava conta de tanto pedido e procura
que tinha. Foi assim que pude conseguir a minha independência e ser um
profissional autônomo.”
(Arte e Criação de Klinger/Foto: Joaquim Filho) |
A
FILHA É UMA GRANDE PARCEIRA NA PINTURA, DIVULGAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DAS PEÇAS!
(Kleide, a filha que valoriza a arte do pai e o ajuda nas pinturas e divulgação nas redes sociais/Foto: Joaquim Filho) |
Kleide Nunes é filha de
Klinger e, segundo o pai, a filha é uma grande colaboradora na arte que o pai
desenvolve. Ele tem me ajudado muito nos acabamentos, ou seja, aquele último detalhe, que deixa a peça rústica, atrativa para a aquisição do cliente, uma pintura e um
detalhe que lapida o trabalho. Segundo ele, a filha também tem divulgado nas
redes sociais as fotos das peças, e foi justamente através de Kleide que o blog
do Joaquim Filho tomou conhecimento da existência desse gênio na cidade de
Trizidela do Vale-MA.
(Foto: Joaquim Filho) |
AO
LADO DE UM GRANDE HOMEM TEM SEMPRE UMA GRANDE MULHER
(Senhora Josenira e Kinges, união de 37 anos/Foto: Joaquim Filho) |
O homem que faz do barro
peças de arte para sobreviver e encontra nesse ofício divino a sua liberdade e a fé em
Deus, vive ao lado de uma grande companheira, que há 37 anos tem sido cúmplice em
todos os momentos bons e difíceis da vida. Se a arte não lhe deu fama e riqueza,
tem ao seu lado o maior bem de sua vida, sua esposa, a senhora Josenira, que
também participou dessa matéria, nos recebendo bem e dando informações precisas
para que pudéssemos falar do trabalho de Klinger com amor e alma.
Fotos abaixo de Jailson Maia
Esse homem merece ser valorizado pelas pessoas dessa cidade, gente com esse talento está raro hoje no mundo, porque a internet está acabando com essa geração, esses valores e profissões. Quem é o jovem que hoje quer aprender uma linda profissão dessa? Linda matéria. Estou emocionada. Se ninguém nessa cidade fizer nada por esse homem eu vou aí só cobrar pessoalmente. cadê a cultura do município para dar valor esse homem?
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