sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Carlos Augusto Martins Netto.

 EU E MEU VICKING

Por Carlos Augusto Martins Netto - Servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Farmacêutico, Escritor e Poeta.

A saúde é um bem que todos temos o dever de cuidar. Para tanto, é necessário adotarmos um estilo de vida que nos traga prazer, mas também responsabilidade. Então, iniciei controlando a alimentação, e ela será a minha grande inimiga nessa jornada, pois adoro cozinhar e deleitar-me com um prato bem elaborado. De toda sorte, procurei selecionar melhor os alimentos, em busca de melhor qualidade e, com isso, maiores ganhos nutricionais em porções mais módicas. Na sequência, incluí exercícios físicos em minhas atividades rotineiras. Um corpo saudável e ágil é de grande valia para o dia a dia da vida contemporânea. Por fim, e não menos importante, a decisão de criar um cachorro – o Ragnar.

Seguindo o diapasão da saúde, eu e meu vicking sempre saímos juntos para caminhadas e corridas. E durante esses momentos, aproveitamos para nos deliciarmos de nossas companhias e das belíssimas vistas que o cerrado nos proporciona. Eu, particularmente, aproveito para observar, principalmente, as pessoas. Gente, para mim, é como um universo de possibilidades que chama minha atenção para a descoberta das luzes que brilham dentro de cada ser. É prazeroso observar a diversidade que elas nos apresentam. E vemos de tudo. Homens e mulheres bonitos e de corpos bem cuidados a exibi-los como troféus a premiar a disciplina; outros, como diria, com seus corpos ainda em construção. Há, também, pais passeando com filhos — é muito interessante ver como os pais de hoje são presentes na vida dos filhos, sinais de transformações da sociedade patriarcal para uma em que as responsabilidades são compartilhadas —; pessoas passeando com seus cachorros e, também, os que estão trabalhando. Enfim, tem de tudo.

E continuamos com o nosso passeio. As pessoas se admiram, modéstia à parte, com a beleza do meu cão. O Ragnar é uma mistura das raças Golden e Rusky Siberiano, com pelos negros, longos por todo o corpo e brancos em parte da cabeça envolvendo o focinho e logo abaixo, como a formar uma barba. A sua cauda mais parece uma bandeira negra de tão peluda e que se agita para lá e para cá denunciando todas as suas intenções. É de uma docilidade incrível e adora um cafuné.

Num dado momento, uma cena, específica, me chamou a atenção: uma mãe passeando e empurrando um carrinho com seu filho, à primeira vista, parecia o garoto ser portador de paralisia cerebral. Ao nos aproximarmos de mãe e filho, percebi que o garoto começou a alvoroçar-se e a gesticular vigorosamente em nossa direção. Ele gesticulava e balbuciava palavras para chamar a atenção da mãe. E apontava freneticamente para o Ragnar. E vi a sua alegria aumentar a medida que nos aproximávamos deles. 

Nesse instante, uma dúvida cruel tomou-me os pensamentos. Gostaria muito de deixar aquela criança interagir com o meu vicking e observar a reação dos dois frente a esse momento. Por outro lado, fiquei reticente quanto à possibilidade de a mãe ter algum receio de deixar um cão desconhecido aproximar-se de seu filho. Tomei uma decisão: cheguei de mansinho, com todo cuidado e perguntei à mãe se ela permitiria a interação do filho com o meu guerreiro nórdico. Esclareci que ele é bastante tranquilo, calmo, que é adestrado e que, além disso, estava de focinheira e eu ficaria sempre ao lado dos dois. E qual não foi a minha felicidade quando ela consentiu! Aproximei-os, vagarosamente. O garoto estendeu a mão e o vicking aninhou sua cabeça naquela mãozinha delicada... foi completamente dominado. O guerreiro implacável foi alvo fácil do carinho despretensioso, do amor ingênuo e da felicidade pura.

Foi lindo e emocionante vê-los desfrutarem daqueles momentos. Virei o olhar para a mãe e notei que ela, também, estava me olhando com um olhar marejado de emoção. Não me contive e participei do momento, tal qual a mãe. Abri um sorriso largo, no eu fui acompanhado pela mulher, balancei a cabeça afirmativamente, levantei a cabeça ao alto e me deparei com um lindo céu azul permeado de nuvens brancas... senti uma paz indescritível.

Foi assim que presenciei o encontro marcante entre a amizade sincera e a felicidade espontânea. Foi assim que eu senti a satisfação em ver o próximo feliz. Foi assim que vi que o meu vicking é um entregador de felicidade. Foi assim que todos nós ganhamos o dia. 



























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