domingo, 29 de agosto de 2021

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Allan Roberth

FOLCLORE BRASILEIRO

No dia 22/08 é comemorado o dia do “Folclore Brasileiro” e essa data remete à primeira vez em que o termo “folklore” foi usado pelo pesquisador britânico William John Thoms no ano de 1846. Ele uniu as palavras inglesas “folk” (povo) e “lore” (conhecimento) para designar o conjunto de tradições, lendas, crenças e manifestações populares constituído por mitos, provérbios, danças e costumes que são passados de geração em geração.

No Brasil somente em meados do século XX os estudos sobre folclore se popularizaram através de estudiosos como Câmara Cascudo, Florestan Fernandes, Amadeu Amaral e Mário de Andrade. O primeiro Congresso Brasileiro de Folclore foi realizado na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1951. 

Desse congresso saiu a “Carta do Folclore” que designa fato folclórico; “A maneira de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular, ou pela imitação”. O folclore brasileiro é recheado de música e danças que representam as tradições e cultura do nosso povo.

A mística está presente na narrativa folclórica dando valor àquilo que a ciência não explica, pois são fatos provenientes de lendas e histórias repassadas onde a “verdade” e a “realidade” não têm tanta importância. 

O dia 22 de agosto, domingo último, passou despercebido assim como em tantos outros anos sem que a nossa sociedade brasileira se desse conta da importância das tradições populares para a preservação da identidade do seu povo. Confesso que não vi nenhuma publicação, de secretarias de cultura em geral, de escolas e de nenhuma agremiação folclórica do Maranhão. 

Recentemente, vi e escutei dois comentários que traduzem bem essa indiferença à cultura brasileira e local. Por ocasião do I Festival de Música Juvenil Pedreirense, o poeta, escritor e blogueiro dono dessa página lamentava em suas redes socais a pífia presença de público na final do referido festival.

No sábado dia 21 aconteceu um show em homenagem ao quarto aniversário do Programa “Canto da Princesa” com apresentações de artistas locais como os cantores Josivan, Marcelo Cruz e Índio do Acordeon; do forró pé de serra do “Seu Raimundinho” e do sanfoneiro Ruy Mário e do poeta e cordelista Edivaldo Santos. Também apesar de ter sido um sucesso ainda teve um número pequeno para o tamanho da cidade e região. 

Ontem, 27 de agosto foi realizada mais uma edição do “Sarau do Cordel” ano X na Tapera do Cordel na vizinha cidade de Trizidela do Vale com uma homenagem ao poeta Samuel Barreto (in memorian) e mais uma vez se lamentou, agora através do cantor pedreirense “Garrincha” a falta de público para um evento tão importante para a cultura local. 

Essas reclamações refletem bem a falta de valorização e consequentemente da supervalorização de outras culturas em detrimento da nossa. Então, aguardemos o próximo 31 de outubro para constatarmos se não haverá inúmeras iniciativas que ressaltem o tão falado “Halloween” ou dia das Bruxas do calendário norte americano.

Quando uma sociedade valoriza mais o importado que sua própria identidade há uma sensível perda de valores e em consequência um desprezo por aquilo que lhe é sagrado. Vejamos o exemplo dos índios que resistem na manutenção de suas danças e rituais varando os séculos e resistindo ao desmonte de sua identidade pelas sociedades dominantes. 

Os negros, apesar de massacrados, também conservam muito da sua arte na dança, religião, culinária, esportes e são respeitados por manterem vivas apesar de tanta perseguição e ódio a sua cultura o seu jeito de ser.

A indústria fonográfica brasileira atendendo sua sede de consumo capitalista muito tem contribuído para a sobreposição da cultura local em termos musicais pois apesar de sermos um pais multicultural atende aos anseios do modismo desprezando a arte e a cultura regional.

As rádios não atendem ao apelo de leis regionais que na tentativa de preservar sua cultura musical obriga as mesmas tocarem um percentual de música local em suas programações. Aqui no Maranhão destaco apenas as rádios Mirante, Universidade FM e FM Cidade de Pedreiras que contêm em suas programações um espaço para a música regional.

Essa semana, Pedreiras sediou o I Fórum Regional de Gestores de Cultura da Região dos Cocais e Médio Mearim. A cidade foi escolhida por ser esse berço de tradições e cultura que tem em João do Vale, o maranhense do século XX sua maior inspiração poética. Ele que tão bem cantou nossa cidade para o Brasil e o mundo.

Sou suspeito para falar da minha terra, mas deixando a paixão de lado, sempre me orgulha as iniciativas de preservação da nossa cultura e destaco o grande amor dos artistas pedreirenses por seu torrão e sua cultura. Oxalá, possamos sempre nos orgulhar de sermos o que muitos já profetizam; a “Capital da Cultura Regional”.






















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