segunda-feira, 29 de maio de 2023

ESPAÇO ACADEMIA PEDREIRENSE DE LETRAS - APL

 DISCURSO DE POSSE DO ACADÊMICO ÉRICO BRITO CANTANHEDE

(Foto de Joaquim Filho, blogueiro e membro-fundador da APL)

(Vídeo de Joaquim Filho)

Meu coração e alma se enchem de júbilo nesse momento quando me reporto às lembranças outrora submersas na minha mente advindas da terna infância em forma de memórias as quais eu vivi nessa terra tão fecunda de homens e mulheres bons, honestos e trabalhadores, que fincaram nesse solo pétreo, porém fecundo onde trabalharam, para que a nossa Princesa do Mearim se tornasse ao longo dos anos uma das melhores e mais promissoras cidades do nosso estado do Maranhão.

Sempre ouvi dos meus ancestrais, que Pedreiras era terra de poetas, onde quem aqui se deleitasse na alcova acordaria declamando poemas já na primeira brisa matinal sofregada com o perfume único, que com o passar das horas com essa quentura em ebulição do nosso caudaloso Mearim pairava no ar somático ao vai e vem dos afazeres oriundo da labuta do seu povo.

Como mencionou o amigo e confrade Dr. Allan, tenho um misto de sangue cearense, onde meus avós maternos fugindo da grande seca que castigou o nordeste na década de 30, se refugiaram nessa terra desenvolvendo a agricultura de subsistência inicialmente e que a posteriori com suas culturas agrícolas abasteceram o mercado consumidor local, sendo que esse sangue se mesclou ao sangue de origem portuguesa dos meus bisavós paternos que aportaram aqui deflagrando uma das famílias mais promissoras até a metade do século passado, tendo inclusive o “vô Firmo Cantanhede com superitendente na década de 40.

Da união dessas famílias advieram o Sr. José Antonio Ferreira Cantanhede, que iniciara suas atividades profissionais no Banco do Brasil, também conhecido como “Zé Pireca”, após frertar com a Dona Angelina Lopes de Brito, que a “roubou” e onde se casaram em Lima Campos, passando a lua de mel em Caxias, enquanto o saudoso “tio Bibi” tentava apaziguar os ânimos do meu “Vô Marcelino, cearense brabo, mas que depois entendeu toda essa situação, pois essa era uma prática comum há quase 60 anos atrás sendo que dessa união vieram ao mundo minhas irmãs Raquel, Adriana, Fabiana e Nizia, sendo que eu vim a esse mundo pelas mãos do meu Patrono, Dr. Pedro Barroso, numa terça-feira, às 08:30h do dia 17 de outubro de 1972, como quarto filho dessa união, onde contam que meu pai não se encontrava nesse momento do parto, porque estava trabalhando em Santa Inês, porém dizem que quando ele soube que após 03 mulheres, nascera um filho homem, o mesmo veio voando numa rural e chegando no hospital, correu para o berço pra desenrolar as fraudas pra ver se o bebê tinha mesmo um órgão fálico, e ai depois do feito eram só alegrias para esse casal, pois na família agora tinha um varão, sendo que meu pai dizia sempre que naquela casa tinha três machos: eu, “ele” e um cachorro.

Com meses de idade, meu pai fora transferido pelo banco do Brasil para São Luis, onde essa família chegou num sábado a tarde chuvoso, onde há relatos que da rodoviária pegaram um táxi para o bairro do João Paulo, sendo que durante o trajeto, minha irmã Fabiana ficava batendo com seu tamanquinho já dentro do taxi involuntariamente na porta, sendo que o taxista parou o carro achando que o mesmo estava com alguma peça danificada, seguindo assim viagem.

São tantas histórias, porém as quais mais me lembro era de  quando eu criança e vínhamos pra “minha Pedreiras” e íamos no jeep Willis velho, do velho tio Bibi, onde atolávamos indo para o Caneleiro e para Açude Velho, onde às vezes lembro da bela lua qual embelezava o céu após a chuva que embebia os lamaçais daquele caminho.

Lembro das “Ave Marias” tocada às 18h, quando eu criança via o pôr do sol da escadaria da igreja de São Benedito, onde parecia que a vida parava naquele momento e como num estalar de dedos  após a extasiante canção de Gounod, o breu da noite surgia.

Lembro de tantos festejos do nosso padroeiro São Benedito com toda aquela romaria num verdadeiro mar de velas acessas associada ao cantarolar do hino da “Princesa do Mearim”

Lembro de como eu gostava de comer pitanga no quintal na casa de tia Dilú, que ali parecia tão grande.

Lembro da minha primeira enchente na Trizidela, sendo que eu fazia a quarta série do ensino fundamental no colégio Batista, onde mesmo com gesso no meu braço esquerdo que estava “quebrado” mergulhei na chuva e naquela correnteza, onde me rigozijava como se estivesse num carnaval.

Lembro da minha primeira paixão, qual seu nome se perdeu nas minhas temporais circunvoluções cerebrais, aos 06 pra 07 anos de uma menina de cabelo preto, grande, bem branquinha, talvez um ano mais nova do que eu, e que usava frequentemente uma camisa quadriculada vermelha e de shortinho jeans, que tinha um sotaque bem engraçado e qual eu ainda a vi por duas vezes quando vinha de férias e desde então nunca mais a vi.

Já adolescente. lembro das festas, dos carnavais, das farras, da alcoolemia e logicamente do bairro Diogo.

Lembrando agora onde dentro das minhas entranhas faço uma emocionante homenagem de todos os meus parentes avós, tios, primos, amigos, tanto da parte do meu pai e da minha mãe, muitos deles já falecidos, onde nesse momento lembro e saúdo o amigo Joacy Brandão, pedreirense apaixonado, que morava na cidade de Valinhos no estado de São Paulo, e que desencarnou recentemente, onde todos sem exceção, me deixaram um contribuição inestimável qual carregarei por toda minha vida.

Talvez o que me despertou a escrever foram os relatos do meu pai, das suas historias de quando subia o rio Mearim, na canoa, o tio Bibi dizia “naquela ramada vamos correr o frasco”, ou seja, tomavam um gole de cachaça para agüentar a remagem, onde eu ouvia as historias sobre onças no lago da onça, onde nasceu o maranhense do século, João do Vale, sendo que eu ouvia histórias de como meu pai era tropeiro naquela época, dos seus colegas e primos, dos causos da Pedra Grande, ou seja, o que eu sou hoje eu devo em primeiro lugar a Deus e depois a meus pais, quais eu sempre que tenho oportunidade lhes honro com louvor.

Enfim, o meu sentimento hoje e sempre é da mais pura gratidão a Deus e a minha família, pais, irmãs, minha esposa, Dra. Keila Matos, e filhas Rafaela, Luiza, Érika e Carla, porque sou oriundo dessa terra, sendo que ás vezes pareço duro como uma pedra edificada no jargão somático da existência e de onde ao pó voltarei, porém minha alma é quente e translúcida como o calor do sol que queima e aquece evaporando as águas do majestoso Mearim, em forma de meus sentimentos mais nobres que me fazem uma diversificação mutável do que eu verdadeiramente sou, ou seja, como tantos conterrâneos um pedreirense, que ama e tem orgulho da sua terra natalícia, uma verdadeira pátria, pela qual nascemos, nos edificamos e lutamos por dias melhores para a nossa sociedade e que um dia jazeremos nas lembranças hoje aqui eternecidas na louvada e porque não dizer adolescente, nos seus recentes 17 anos, Academia Pedreirense de Letras, composta da nata intelectual que se imortalizaram em congruência com a história de Pedreiras e qual tenho agradecimentos sinceros por ter sido aceito e assim fazer parte dessa confraria ministrada por tão seleto grupo.

Como declamo em versos: 

Minha terra é Pedreiras,

onde voa o carcará.

A vida que por aqui passa, 

não passa como a de lá.

            Muito obrigado.

 Dr. Érico Cantanhede.
























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