HISTÓRIA DA ACADEMIA PEDREIRENSE DE LETRAS
Para iniciar as nossas despretensiosas palavras, nada melhor do que relembrar, com grande admiração, um pequeno trecho do valioso livro “Revolta e Revolução”, de autoria do escritor José Joffily: “Um povo que desconhece sua própria história, por mais bravo e generoso que seja, é como um adulto que ignora sua origem, sua infância, sua formação e, portanto, seu próprio destino”. No oceano revolto em que navegam os escritores, raros são aqueles que têm a preocupação de guardar para a posteridade, em livros, a memória dos lugarejos ou cidades onde nasceram. Alguns escritores deixam os seus rincões de nascimento ao esquecimento, simplesmente porque não dão nenhum interesse com as coisas do passado; outros têm a boa vontade mas não têm as condições financeiras para cobrir os custos de um livro de tamanha envergadura.
Nesse sentido, devemos tecer os mais sinceros elogios aos poetas e escritores que tiveram boa vontade, coragem e ousadia de encarar as grandes dificuldades do setor e deram a lume a história das cidades onde nasceram ou viveram, como é o caso de Aderson Lago, com a publicação do livro “Pedreiras - Elementos para sua História”; do Raimundo Lopes com “Alcântara - Uma Cidade Tradicional”; do Desembargador Milson Coutinho com Caxias das Aldeyas Altas - Subsídios para sua História”, “A Cidade de Coelho Neto na História do Maranhão” e “Imperatriz - Subsídios para a História da Cidade”; do Sálvio Dino com “Raízes Históricas de Grajaú”; de Carvalho Guimarães com “Buriti Bravo - Nesga do Sertão”; de Maria Eugênia Serejo com “Axixá - Minha Terra”; de Carlos Sá Barros com “Elementos para a História de Penalva”; do Eloy Coelho Neto com “História do Sul do Maranhão”; de José Teixeira com “Passagem Franca”; do João Francisco Batalha com “Arari – Maçons & Maçonaria” e “Um Passeio Pela História do Arari”; do Daniel Cavalcante com “Um Breve Histórico de Lima Campos” e “Homens e Mulheres Que Fizeram Lima Campos”; do Marcus Krause com “Memória e História da Educação de Pedreiras”; do Édison Feitosa Sá com “Resgatando a História de Lima Campos”; do Nilton Pinto com “Poção de Pedras – Numa Sinopse Histórica”; e do Darlan Pereira com “Pedreiras – Fundamentos da sua História”.
Manter viva a cultura, os costumes e as tradições de um povo é uma obrigação de todos nós que militamos com as letras e que somos considerados verdadeiros artífices da cultura.
Modéstia à parte, temos certeza de que estamos desempenhando o nosso papel no cenário histórico e cultural, cumprindo com a melhor obrigação de filho que ama a terra em que nasceu. Nos últimos anos, graças a valiosa colaboração de patrocinadores, da nossa lavra cultural, colocamos nas mãos dos conterrâneos e leitores o “Dicionário Folclórico de Pedreiras”, “Vila de Pedreiras – A Era dos Intendentes”, “Major Augusto Ferreira Brabo – O Primeiro Uxoricida de Pedreiras”, “Dicionário Histórico de Pedreiras” e a “Enciclopédia Histórica do Centenário de Pedreiras”.
Seguindo a nossa trajetória, quando da fundação da tão esperada Academia Pedreirense de Letras, no dia 30 de maio de 2006, para satisfação de todos que amam a terra onde nasceram, onde viveram ou que um dia hão de morrer, as quarenta Cadeiras tiveram como Patronos vários filhos ilustres.
Seria motivo de orgulho para todos os membros fundadores da Academia Pedreirense de Letras, se fosse possível ser feita uma homenagem aos filhos ilustres e a todos aqueles que em vida batalharam para o desenvolvimento do Município. Infelizmente, por ser de uma tradição secular, o número de Cadeiras de uma Academia de Letras deve ser num total de quarenta, razão lógica porque não tivemos oportunidade de prestar homenagens a muitas outras pessoas de saudosas memórias e que deveriam, por justo merecimento, ficarem imortalizadas nos arquivos desta Academia e na memória do nosso povo. Nós, numa maneira única e particular, ficamos tristes quando lemos alguma coisa sobre pessoas do nosso convívio social, homens de letras ou cidadãos comuns, mesmo que seja apenas um resumo biográfico, que não conste filiação, local e data de nascimento.
Foi por este motivo que procuramos transformar os arquivos da Academia Pedreirense de Letras em um verdadeiro museu histórico e cultural, onde o pesquisador possa ter conhecimento da vida, obra e cultura, dos costumes e das tradições de um povo que teve a ventura de palmilhar no fértil solo de Pedreiras, terra do poeta Corrêa de Araújo, o poeta maior, fundador da Academia Maranhense de Letras, terra do compositor João do Vale, o maranhense do século XX.
Num futuro bem próximo, temos a convicção de que nossos filhos e netos irão agradecer a todos nós, acadêmicos do presente, pelo laborioso trabalho que tivemos para resgatar a memória dos antepassados, alguns deles já esquecidos pelos próprios parentes.
Na árdua tarefa que tivemos para restaurar a biografia de alguns Patronos falecidos no final do século XIX até meados do século passado, fomos obrigados a recorrer à lucidez da memória de antigos moradores, a velhos álbuns de fotografias, aos empoeirados arquivos dos Cartórios do 1° e 2° Ofícios de Pedreiras, e por incrível que pareça, até mesmo à leitura de carcomidas lápides ainda grudadas nos mausoléus velhos e abandonados do Cemitério São José, numa desenfreada busca de nomes e datas de nascimentos e falecimentos.
Em alguns casos é deveras lamentável a falta de informações por parte de familiares, onde deparamos com netos que desconheciam por completo as características dos avós.
O trabalho que foi feito para ultimar a biografia dos Patronos desta Academia de Letras, deverá ser recompensado quando seus descendentes estiverem buscando dados para complementação da árvore genealógica, e estudantes dos nossos Colégios estiverem à cata de informações para a concretização de suas monografias.
Para nós, maranhenses, é motivo de orgulho que entre os quarenta Patronos da Academia Brasileira de Letras três são maranhenses, Adelino Fontoura, nascido em Axixá, no dia 30 de março de 1855, falecendo no Real Hospital de São José, em Lisboa, no dia 2 de maio de 1884; Gonçalves Dias, nascido em Boa Vista, então Município de Caxias, no dia 10 de agosto de 1823, falecendo no dia 3 de novembro de 1864, num naufrágio ocorrido no Baixio dos Atins; João Lisboa, nascido em Pirapemas, então Município de Itapecuru-Mirim, no dia 22 de março de 1812 e falecido em Lisboa no dia 26 de abril de 1863.
No Maranhão, a trajetória histórica das Academias de Letras vem desde o dia 10 de agosto de 1908, com a fundação da Academia Maranhense de Letras, por uma plêiade de doze intelectuais: Alfredo Assis, Antônio Lobo, Astolfo Marques, Armando Vieira da Silva, Barbosa de Godóis, Corrêa de Araújo, Clodoaldo Freitas, Domingos Barbosa, Fran Paxeco, Godofredo Viana, Ribeiro do Amaral, e Xavier de Carvalho.
Como podemos verificar, com uma nesga de orgulho, claro, entre os eminentes fundadores da Academia Maranhense de Letras estava o nosso conterrâneo Corrêa de Araújo, ilustre filho do Tenente-Coronel Raimundo Nonato de Araújo, um dos baluartes da fundação da Vila de Pedreiras do Alto Mearim, fato consumado através da Lei n° 1.453, de 27 de fevereiro de 1889, sancionada pelo então Presidente da Província do Maranhão - J. Moreira Alves da Silva, no memorável dia 4 de março de 1889.
Segundo o Professor João Renôr de Carvalho, no Jornal Pastos Bons, órgão informativo e cultural da Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons, ano III, edição n° 13, “o significativo aumento das Academias de Letras no Maranhão é a demonstração de que em todo o Estado ressurge um forte dinamismo da cultura e das letras. Por muito tempo, a única instituição que representou a intelectualidade maranhense foi a Academia Maranhense de Letras. Somente a ilha de São Luís se apresentava nos fóruns literários nacionais. Foi necessário que um grupo de rebeldes intelectuais e pioneiros da Região Tocantina se insurgisse contra o monopólio ludovicence para que outros focos de acadêmicos tomassem os espaços das letras e da cultura nos diferentes quadrantes do Maranhão. Agora, contam-se dezessete Academias de Letras espalhadas por todo o Estado. É a evidência de que mais uma vez os maranhenses se destacam como pioneiros da cultura do Brasil”.
Decorridos quase um século de existência da Academia Maranhense de Letras, só no dia 27 de abril de 1991 surgiu a Academia Imperatrizense de Letras, a segunda na história do Maranhão. A partir daí surgiu um verdadeiro Eldorado cultural na Capital e no interior do Maranhão, com a fundação de várias Academias, como podemos constatar: Academia Maranhense de Letras Jurídicas, Academia Maçônica Maranhense de Letras, Academia Atheniense de Letras e Artes, Academia Barra-Cordense de Letras, Academia Caxiense de Letras, Academia Anajatubense de Letras, Academia Arariense-Vitoriense de Letras, Academia Bacabalense de Letras, Academia Vianense de Letras, Academia Brejense de Letras, Academia Açailandense de Letras, Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons, Academia Barreirinhense de Letras, Academia Sambentuense de Letras, Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências, Academia de Letras, Ciências e Ecologia do Leste Maranhense, Academia Grajauense de Letras, Academia de Letras e Artes do Leste Maranhense, Academia Pedreirense de Letras, Academia Cururupuense de Letras, Academia Esperantinopense de Letras e Academia de Ciências, Artes e Letras de Tutóia.
Acreditamos que, com a fundação da Academia Pedreirense de Letras, foi escrita mais uma página na gloriosa história do nosso Município, e a cidade de Pedreiras deverá ser mais conhecida no cenário cultural maranhense, não só pela riqueza dos seus episódios vividos no passado, desde a era dos Intendentes, mas também pela beleza dos poemas dos seus poetas do presente.
Filemon Krause
1º Presidente da Academia Pedreirense de Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário