CRISTAIS E PENSAMENTOS
Por Carlos Martins
Azul, marrom, cinza, branco, verde, rosa, transparente. Observo meus cristais sobre minha mesa de trabalho, com suas cores vivas e brilhantes, todos juntos, mas cada um com suas individualidades vibrantes — exuberantes até! Do meu ponto de contemplação, vejo que cada um toca o outro com delicadeza, leveza; gerando um ambiente de harmonia e beleza. Todos juntos, donos de seus espaços individuais, sem invasão dos demais.
Em outra dimensão, busco em minha mente por meus pensamentos; estes sim, entrelaçam-se, interpenetram entre si. Pensamentos, diferente dos cristais, não apresentam fronteiras delimitadas e, muitas vezes, sozinhos não são portadores de significados razoáveis; daí sua necessidade de um fazer parte do outro, fazerem uma composição para que deem resultado. Essa interação é progenitora das ideias edificantes, tais como solidariedade e caridade, para citar somente as que deveriam ser as mais corriqueiras. Mas é também através dela que se gestam as determinações de controle e manipulação do próximo, seja utilizando meios bélicos, seja pelo uso das refinadas técnicas dos sofistas.
No meio disso tudo, estão as pessoas. Sim, eu, você, nós. Cada um com suas individualidades culturais, religiosas, de valores; ou seja, tudo aquilo que faz de cada um de nós seres únicos, especiais, pessoas que vivem suas vidas, geram novas vidas, criam outras pessoas e contribuem diariamente para o avanço da humanidade.
No final das contas, tal qual o elétron que apresenta o duplo comportamento de partícula e de onda, assim enxergo cada um de nós, as pessoas. Somos cristais-pensamentos, conseguimos nos delimitar perfeitamente e ao interagirmos, ofertamos ao mundo as consequências dessa interação. Cabe a nós decidirmos a nossa oferta.
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