TRAÍRA, TRAIDOR...
Por Paul Getty.
Na acepção da palavra TRAIÇÃO é crime de quem, perfidamente, entrega, denuncia ou vende alguém ou alguma coisa ao inimigo. Ato pelo qual se burla a confiança de outra pessoa. Termo que designa, em direito, o crime de natureza política cometido contra a segurança interna ou externa do estado.
Pois bem, é cediço que desde os primórdios da raça humana existiram inúmeros casos de traição de personagens históricos que de fato entraram para a história como: Dalila, cortesã filistéia de Gaza, que viveu entre 1200 e 1000 a.C. Após conquistar o amor de Sansão, traiu-o e cortou-lhe os cabelos, fonte de sua força, para entregá-lo aos filisteus. Joaquim Silvério dos Reis (m. em 1819), militar e minerador português. Notório por ter delatado Tiradentes e seus companheiros da inconfidência mineira em troca do perdão de uma dívida com a fazenda real e uma pensão anual. E o mais conhecido de todos, Judas Iscariotes: famoso por haver denunciado Jesus com um beijo aos guardas que o procuravam, em troca de trinta moedas de prata. Seu nome tornou-se sinônimo de traição.
A história conta que no século IX houve uma conspiração no Império Bizantino encabeçada por Bardas para depor Teodora mãe de Miguel III o Bêbado, e colocá-lo no trono. A conspiração teve êxito. Miguel no trono ao invés do tio, em gratidão por ter salvado a sua vida quando um cavalo selvagem se soltou, escolheu como conselheiro-mor o jovem cavalariço Basílio I, (d.C. 826-886). Inebriado pelo PODER Basílio I assassinou Bardas e Miguel e atravessou a cavalo as ruas de Bizâncio, brandindo a cabeça do seu ex-benfeitor e melhor amigo espetada numa lança e tornou-se imperador.
Um exemplo clássico de traição da literatura foi o romance Dom Casmurro de Machado de Assis, considerado o mais ambíguo dos romances de adultério. Conta o drama de um homem que se acredita traído pela mulher, Capitu, e o melhor amigo. Afinal, o que todo mundo se pergunta e constantemente vira tema de controvérsias: Capitu TRAIU ou não?
Calabar (1600-1635), para uns um patriota; para outros um desertor; para a maioria um TRAIDOR ao desertar das tropas de Matias Albuquerque em 1632 para unir-se aos invasores holandeses. Na cidade de Pedreiras-MA é corriqueiro usar-se de forma pejorativa (sobretudo pelos políticos) a palavra CALABAR quando se refere a um eleitor que após receber as benesses no dia da eleição vota em outro candidato. O vocábulo CALABAR foi plantado na linguagem cotidiana da cidade, todavia essa plantinha não teria sido regada por algum poeta? Não é por acaso que o lirismo invade nossas ruas, praças, casas e corações.
Aqui também no Maranhão houve casos de traição que entraram para os anais da história brasileira, como foi o caso da Revolta de Beckman. Em 1682 o governo português criou a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, mas esta não cumpriu os compromissos assumidos com aos colonos da região. Revoltaram-se elementos do clero da classe mais elevada, chefiados por Manoel Beckman, fazendeiro muito rico e respeitado na região. Beckman governou o Maranhão durante um ano, até a chegada de uma frota portuguesa. Beckman fugiu, mas foi delatado por Lázaro de Melo, sendo então preso e enforcado.
O problema é quem nem sempre se conhece os amigos tão bem quanto se imagina. Em geral eles costumam concordar para evitar discussões. Disfarçam suas qualidades desagradáveis para não se ofenderem mutuamente. Acham graça demais nas piadas uns dos outros. Visto de outro ângulo a honestidade raramente reforça a amizade, porque de certo modo você jamais sabe o que um amigo realmente sente. Eles dirão que gosta da sua poesia, adoram a sua música, invejam a sua eloqüência e até o seu bom gosto para se vestir talvez estejam sendo sinceros, entretanto com freqüência não estão.
Como se diz na gíria: ‘OS TRAÍRAS’ com uma mão afagam e com a outra apunhalam até mesmo os seus melhores aliados. O maior dos Traíras, Traidores, tem coragem de ir a um velório e dá uma facada no defunto. Na maioria das vezes os traíras expõem sorriso espontâneo, dócil, e gestos diplomáticos. Na frente se mostra afável, solícito e por trás arremessa todo o veneno de cobra peçonhenta. O enciclopedista Voltaire (1694-1778) chegou a dizer: Senhor, proteja-me dos meus amigos; que dos meus inimigos cuido eu. A isto infelizmente não estamos imunizados - nas grandes causas, há sempre a figura do traidor. Contudo devemos ficar sempre do lado dos que não TRAEM!
Paul Getty S. Nascimento
Poeta e compositor
Membro da APL - Academia Pedreirense de Letras (APL).
Talentos, sábios, cabeças, eruditos, crânios, capacidades, sumidades, assim são considerados os poetas.
ResponderExcluirMeu maior orgulho ,parte de mim.
Obrigada poeta Joaquim vc faz a diferença
ResponderExcluirTexto magnífico
ResponderExcluirA academia de Pedreiras está bem representada e me orgulha como pedreirense
Professor
Joao
PARABENS POETA PELO EXCELENTE E MAGNIFICO TEXTO
ResponderExcluirOBRIGADO
BLOG DIFERENCIADO COM POSTAGENS INTELIGENTES QUE ENGRANDECEM A NOSSA CULTURA. PARABENS JOAQUIM E OBRIGADO
ResponderExcluirLindo texto, parabéns Paul Guetty, vocês poetas têm uma facilidade de escrever com facilidade e dizem o que nós gostaríamos de dizer mas não sabemos. Perfeito.
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